Aparição,
romance de Vergílio Ferreira, 1959.
É
um romance de personagem. Tem dois
objetivos: contar histórias e apresentar as reflexões que o autor vai expondo a
propósito dele próprio, de outras personagens ou do mundo em geral.
Palavras
do autor: este romance foi “a necessidade de ele se redescobrir
e descobrir os limites da sua condição humana”.
O
romance foi escrito na 1ª pessoa que discute teorias filosóficas relacionadas
com o existencialismo.
Considere-se
a divisão da obra em 3 partes:
1
– Prólogo;
2
– A história em si ao longo de 25 capítulos;
3
– Epílogo.
No
prólogo, Alberto Soares, protagonista,
encontra-se no presente e começa a refletir sobre a sua vida. (início do Cap.
I, começa a contar-nos a história da sua vida – 1ª analepse).
Alberto
conta a sua estadia em Évora e como durante essa época, igual a um ano letivo,
ficou a lecionar nessa terra e conheceu pessoas com quem discutiu e aprofundou
as suas teorias relacionadas com a existência, a procura da sua pessoa e da sua
aparição.
Criou
uma relação com Sofia, uma mulher dominadora e que deixou de lhe dar
importância para se dedicar ao Bexiguinha, cujas ideias eram muito semelhantes
às de Alberto.
Criou
uma relação amor/ódio com Ana, irmã de Sofia. Discutiam sobre as teorias
existenciais do autor, que ela valorizava ou desvalorizava ao mesmo tempo a
lógica deste.
Ao
longo da vida não se conhece se Ana gosta ou desgosta de Alberto. A razão é que
o convida para a acompanhar e mostra-se contra as suas ideias.
No
romance, Alberto questiona-se se certos personagens estão por ou contra ele,
como Ana.
Uma
outra personagem, irmã de Ana e de Sofia, é Cristina.
Cristina
é uma criança, toca piano de forma admirável o que acalmava Alberto.
…
2ª analepse
– o autor recorda-se de um passado ainda mais distante, relacionado com a família.
Relata-nos como surgiram estas teorias filosóficas, sendo as mais importantes a
morte do pai e a do seu cão.
Morte de outras
personagens:
- Bailote –
suicidou-se por ter perdido a fonte do seu rendimento, as suas mãos de
semeador;
- Cristina – morre pois
é perfeita de mais para viver neste mundo;
- Sofia – morre como
castigo pelo mal que fizera aos outros;
- Bexiguinha + Ana –
não conseguiram igualar os seus seres e desistiram [uma morte psicológica];
- Alberto – o herói que alcançou a
sua aparição; é um alter-ego de Vergílio Ferreira pois se
o autor escreveu sobre estas teorias, é porque também ele pensou nelas.
Ele é uma personagem que ocupa toda a
obra e à volta da qual tudo gira.
Há um eu narrador, distanciado dos acontecimentos da narrativa, e um
narrador-personagem auto e homodiegético, à volta do qual se movem
as outras personagens. O eu narrador
distante move-se num tempo posterior aos acontecimentos narrados.
Alberto Soares é simultaneamente a
personagem central e o narrador do que lhe aconteceu em dois planos distintos,
na sua aldeia e na cidade de Évora.
Existe uma ação principal que abrange
a maior parte dos factos narrados, ligados a
uma trágica revelação ou Aparição, no
espaço citadino, e existe igualmente uma ação secundária, ligada ao espaço
rural, que completa a ação principal (morte do pai).
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