segunda-feira, 26 de março de 2018

"APARIÇÃO", VERGÍLIO FERREIRA - ASPETOS GERAIS





Aparição, romance de Vergílio Ferreira, 1959.
É um romance de personagem. Tem dois objetivos: contar histórias e apresentar as reflexões que o autor vai expondo a propósito dele próprio, de outras personagens ou do mundo em geral.
Palavras do autor: este romance foi “a necessidade de ele se redescobrir e descobrir os limites da sua condição humana”.
O romance foi escrito na 1ª pessoa que discute teorias filosóficas relacionadas com o existencialismo.
Considere-se a divisão da obra em 3 partes:
1 – Prólogo;
2 – A história em si ao longo de 25 capítulos;
3 – Epílogo.
No prólogo, Alberto Soares, protagonista, encontra-se no presente e começa a refletir sobre a sua vida. (início do Cap. I, começa a contar-nos a história da sua vida – 1ª analepse).
Alberto conta a sua estadia em Évora e como durante essa época, igual a um ano letivo, ficou a lecionar nessa terra e conheceu pessoas com quem discutiu e aprofundou as suas teorias relacionadas com a existência, a procura da sua pessoa e da sua aparição.
Criou uma relação com Sofia, uma mulher dominadora e que deixou de lhe dar importância para se dedicar ao Bexiguinha, cujas ideias eram muito semelhantes às de Alberto.
Criou uma relação amor/ódio com Ana, irmã de Sofia. Discutiam sobre as teorias existenciais do autor, que ela valorizava ou desvalorizava ao mesmo tempo a lógica deste.
Ao longo da vida não se conhece se Ana gosta ou desgosta de Alberto. A razão é que o convida para a acompanhar e mostra-se contra as suas ideias.
No romance, Alberto questiona-se se certos personagens estão por ou contra ele, como Ana.
Uma outra personagem, irmã de Ana e de Sofia, é Cristina.
Cristina é uma criança, toca piano de forma admirável o que acalmava Alberto.

2ª analepse – o autor recorda-se de um passado ainda mais distante, relacionado com a família. Relata-nos como surgiram estas teorias filosóficas, sendo as mais importantes a morte do pai e a do seu cão.
Morte de outras personagens:
- Bailote – suicidou-se por ter perdido a fonte do seu rendimento, as suas mãos de semeador;
- Cristina – morre pois é perfeita de mais para viver neste mundo;
- Sofia – morre como castigo pelo mal que fizera aos outros;
- Bexiguinha + Ana – não conseguiram igualar os seus seres e desistiram [uma morte psicológica];

- Alberto – o herói que alcançou a sua aparição; é um alter-ego de Vergílio Ferreira pois se o autor escreveu sobre estas teorias, é porque também ele pensou nelas.
Ele é uma personagem que ocupa toda a obra e à volta da qual tudo gira.
Há um eu narrador, distanciado dos acontecimentos da narrativa, e um narrador-personagem auto e homodiegético, à volta do qual se movem as outras personagens. O eu narrador distante move-se num tempo posterior aos acontecimentos narrados.
Alberto Soares é simultaneamente a personagem central e o narrador do que lhe aconteceu em dois planos distintos, na sua aldeia e na cidade de Évora.
Existe uma ação principal que abrange a maior parte dos factos narrados, ligados a uma trágica revelação ou Aparição, no espaço citadino, e existe igualmente uma ação secundária, ligada ao espaço rural, que completa a ação principal (morte do pai).

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