O
Espaço
Existem dois grandes espaços físicos na
obra:
A aldeia, a montanha e o casarão
- simbolicamente são o espaço da memória, da origem, da família e também da
escrita e que se relacionam com as ideias de estabilidade e de segurança. Este
espaço surge ligado à infância, à revelação, à paz.
Montanha
– alta, vertical e próxima do céu, ela pode simbolizar a transcendência,
estabelecendo a união entre o céu e a terra. Na medida em que é um local
solitário, pode igualmente representar a solidão, o encontro connosco.
Casarão -
é o espaço onde o narrador é confrontado com a morte como algo inevitável em
momentos diferentes: primeiro, com a morte do cão Mondego, depois, com a do seu
próprio pai e onde experimenta a primeira aparição.
É também o espaço onde o narrador se reconcilia consigo mesmo através da
escrita: é o espaço facilitador da memória e do reencontro da origem e da
verdade onde passado e futuro se unem.
O Alentejo, a planície, Évora –
representam o espaço da procura do “eu”, da aparição
e também da tragédia. É o espaço terrestre ilimitado, horizontal.
Évora
– as ruas de Évora simbolizam uma certa hostilidade, alguma indiferença que,
por vezes, envolvem o narrador e a sua mensagem.
A cidade é mitificada, irreal, aberta à
capacidade poética da aparição. O
“eu” que a vê e sentindo-se angustiado, encontra nela o “espelho” de si mesmo.
Ela não é, então, apenas o espaço mas enche-se de sentido simbólico,
constituindo a síntese das inquietações e insatisfações das personagens.
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